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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Cine Califórnia Itinerante debate os anseios da adolescência em escola pública do município de Moreno

Cada vez mais o cinema nos convida a vivenciar conteúdos que nos trazem emoções surpreendentes e vão transformando a nossa forma de pensar e de conviver. Com o debate, logo após os filmes, as sessões cineclubistas multiplicam estas surpresas porque interagem com o público o tempo todo. Foi o que sentimos na primeira sessão do segundo semestre do ano letivo de 2011, do Cine Califórnia Itinerante, que aconteceu nesta segunda, 19/09, a partir das 10h30 da manhã, para os alunos do 1º ano integral do Ensino Médio, da Escola Cardeal Dom Jaime Câmara, localizado no município de Moreno – Região Metropolitana do Recife.


Apesar de termos chegado uma hora antes, um pequeno incidente com a chave da sala onde os equipamentos de exibição eram guardados, fez com que a sessão marcada para começar às 10 da manhã, sofresse um atraso de 30 minutos. Enquanto esperávamos, uma professora nos disse que a escola exibia filmes internacionais de vez em quando. “Bom mesmo é entrar no site da Programadora Brasil para selecionar filmes nacionais e depois abrir o debate na sala de aula sobre o que os alunos acharam da sessão, esclarece Ruth Pinho, coordenadora e idealizadora do projeto. Com a ajuda de Toninho, 18 anos - um aluno que demonstrou talentos para lidar com os equipamentos da escola - logo os 100 alunos que lotavam o auditório estavam prontos para mais uma jornada audiovisual que se iniciava.


A curadoria dos filmes do projeto Cine Califórnia Itinerante foi planejada para atingir o público adolescente das escolas públicas, seus desejos e anseios característicos da idade. Na programação o curta pernambucano, Nº 27 (20min), de Marcelo Lordello e o longa-metragem de produção gaúcha, de Jorge Furtado, Houve uma Vez Dois Verões (75min), cujos roteiros retratam situações inusitadas vivenciadas pela garotada na faixa dos 11 aos 21 anos, justamente quando eles saem da infância, passam por várias mudanças no corpo e iniciam suas primeiras experiências sexuais.


Quando o curta Nº 27 começou todo mundo ficou em silêncio. Este filme é denso e incomoda mesmo! Conta a história da angústia de um jovem adolescente que tem que enfrentar os colegas da escola depois de sofrer uma dor de barriga “daquelas” num banheiro sujo e sem papel higiênico.



O bulling pode acontecer com qualquer um e deve ser compartilhado com a família e com a direção da escola, imediatamente após o caso. “Tem algumas situações que você não sabe se aconteceu mesmo o bulling, se realmente a intenção foi de humilhar a pessoa ou é brincadeira da galera”, comentou Talita, de 17 anos, na hora do debate, deixando seus colegas reflexivos.


O segundo filme exibido foi o longa-metragem Houve uma Vez Dois Verões, que animou a garotada com a trilha de abertura - feita em animação - composta por releituras de alguns clássicos do rock dos anos 70. O roteiro conta a iniciação sexual de dois amigos adolescentes de férias, num cenário de sol e mar, surf music e gente jovem e bonita, até que um deles, por acaso, se apaixona por uma garota e quer aprofundar a relação de amor.


Entre sobressaltos na hora das cenas de romance e piadinhas estimuladas pelo tema no escurinho do auditório, nossa surpresa maior começou ao meio dia, quando a campainha da escola tocou anunciando o final do turno da manhã – as escolas que adotaram o horário integral param suas atividades para o almoço dos alunos e funcionários, depois continuam à tarde. A sala se levantou em peso - 30 minutos antes do término do filme. Achamos que não ia ficar mais ninguém para o debate.


Dos 100 alunos presentes ao início da sessão, 35 ficaram para a reflexão que se transformou numa roda mais íntima, cujos depoimentos descreveram a verdade de cada um. “Agente tem que ter cuidado com a primeira transa. É muito hormônio, né?”, abre o jogo, Talita, 17 anos. “Pecado é discriminar, vi ontem na parada gay”, nos conta Luiz Felipe, 17. Risos de todos e muitas palmas!


Desta vez, a camisa do Cine Califórnia Itinerante, que geralmente é sorteada, foi entregue ao Toninho - pela ajuda na rápida instalação dos equipamentos – à Talita e ao Luiz Felipe, porque animaram o debate com depoimentos francos e divertidos! Foram entregues cópias em DVD do filme Incenso (20 min), do cineasta pernambucano (IN MEMORIAN) Marcos Hanois, baseado na poesia do também pernambucano, Ascenso Ferreira. Sacos de pipoca e pirulito de morango foram distribuídos para todos antes e depois da sessão.



Cine Califórnia Itinerante é um projeto do Cine Califórnia, patrocínio do Funcultura/ Audiovisual, Fundarpe, Secretaria de Educação e Governo de Pernambuco, através do 3º Edital do Programa de Fomento à Produção Audiovisual de Pernambuco/ FUNCULTURA 2009-2010, com apoio do MinC/ Regional NE e Federação Pernambucana de Cineclubes/ FEPEC e ao Conselho Nacional de Cineclubes/ CNC.

(enviado pela ascom do Cine Califórnia)

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