Alguém disse que um amigo não se faz: se reconhece. É este reconhecimento que acredito ter acontecido entre eu e os amigos do NCM – Novo Cinema Marginal -, galera de Mesquita, município da baixada fluminense. Nos conhecemos na última TEIA – encontro nacional dos pontos de cultura – que aconteceu em Fortaleza – CE em março deste ano. De lá para cá trocamos alguns e-mails e fomos reafirmando a vontade mútua de nos revermos em outro momento. Enfim, este momento chegou: Foi através de minha ida para o I Seminário Internacional de Políticas Culturais realizado na Casas de Rui Barbosa, localizada no bairro de Botafogo, que vislumbrei a possibilidade deste encontro.
Já em terras cariocas, marquei com Tiago (vulgo Chico Sciense), peguei o metrô, o trem e duas horas depois eu chegava ao espaço multicolorido dessa rapaziada. Tiago nem acreditou que eu estava por lá mesmo. Pensou que eu ia amarelar, mas creio ter provado que como boa nordestina, cumpro o que prometo. Logo na minha chegada na sede do coletivo que fica embaixo do viaduto de Mesquita, Tiago fazia pequenos reparos no lugar junto com Nego Joe, rapper que conheci ali e logo fui simpática. Depois descobri que o Nego Joe é também um apaixonado por Pernambuco e que já escreveu uma bela história aqui pela terrinha. Sem dúvida que nossa empatia também veio daí.
Os dois – Tiago e Nego Joe – me apresentaram o lugar e como o coletivo trabalha. Falaram da luta de todos os dias, dos aliados, das dificuldades, das superações e das perspectivas que estão se abrindo inclusive com as oportunidades de projetos com incentivo do governo e parcerias com ONGs. Tiago destacou o grande número de produções em vídeo que o coletivo tem realizado através dessas inúmeras parcerias. Alguns filmes dessa produção do NCM foram disponibilizados por Tiago para que a gente exiba no nosso Cineclube da Laia. Em breve teremos sessões especiais desses filmes que têm temáticas diversas dentro de um projeto de transformação social para as periferias e juventudes. Projeto totalmente legítimo e abrasador que aqui em Pernambuco podemos encontrar redes em sintonia com este como são os casos do Coletivo Gambiarra Imagens (nosso parceiro no Cineclube da Laia), o Caracol Comunicação e Arte, a Rede de Resistência Solidária e o próprio LAIA – Laboratório de Intervenção Artística.
Neste mesmo dia, que na verdade durou um final de tarde e noite, estive também na casa de Gustavo “o exercito” do NCM, figura que foi muito receptiva comigo, me oferecendo cigarros e café e contando um pouco de sua história. Gustavo, ao longo do papo fiquei sabendo, é o “Homem do Rock” em Mesquita, rapaz que tem história contundente no lugar. Na volta da casa de Gustavo, apesar da hora já avançada para quem ia retornar para Niterói, outra cidade, ainda fiz uma filmagem do grupo de break que ensaiava no espaço do NCM: a meninada do Street Dance. O vídeo está disponível no Youtube em: http://www.youtube.com/watch?v=yChs8GivYvc Aproveitei esse momento para dá uma cutucada nas meninas que estavam só assistindo o ensaio dos rapazes para que elas também comecem a ensaiar o break: Mulheres no poder!
Confesso que nesse momento já sentia uma grande felicidade por ter ido encontrar meus amigos em Mesquita e poder conhecer de perto um pouco de suas realidades. Fica aqui um grande abraço para aqueles que não pude reencontrar dessa vez: Marcos Vinícios, Tomáz, Nelson e Mozart. Com certeza teremos outras oportunidades. Eu e Tiago já estamos articulando umas interações em terras pernambucanas. Tomara meu Deus, tomara!
Peguei o ônibus para o centro do Rio de Janeiro já eram quase dez horas da noite. Tiago me levou na parada e ficamos trocando idéia até o ônibus surgir pela rua. A volta foi tranqüila. Meu pensamento estava em Mesquita, no espaço multicolorido embaixo do viaduto, nos amigos que fiz, nas horas de alegria que acabara de passar. Forças recarregadas, pé na tábua para Niterói e a cabeça a sonhar.
Por Natália Lopes
ah...gostei mt das fotos..vc falou ontem mas nao tinha visto ainda..e tb legal a troca com eles lá..
ResponderExcluirludi