- A programação normal prosseguiu no Colégio Oscar Carneiro, às 17h30. Além dos vídeos da programação nacional (Indígenas digitais e A gente luta, mas come fruta), foi exibido um trecho do vídeo Da pedra da letra à pedra da mesa, que mostra como 09 aldeias indígenas de Pernambuco já estão sendo afetadas pela transposição do Rio São Francisco. Em seguida, apresentaram-se os músicos Alexandre Salomão e João Alencar, que tocaram, respectivamente, didjeridu (instrumento de sopro dos aborígenes australianos) e percussão (efeitos e timbau). A apresentação durou cerca de 15 minutos e foi contemplada com bastante atenção por todas as pessoas presentes (estudantes, professores, convidados e equipe de produção, que inclusive interagiram com os músicos através de palmas. Ao final, músicos e platéia emocionadas, e uma forte onda de aplausos.
- Logo depois, Cláudia Truká, liderança do Povo Truká, cujo território está situado no sertão pernambucano, iniciou sua fala. Cláudia cativou a atenção de todos os presentes, respondeu às perguntas do estudantes e abordou assuntos como a transposição do Rio São Francisco, a atual política do Governo Federal em relação aos indígenas e os costumes do seu povo. Em seguida, o professor Daivison Bandeira afirmou a sua satisfação com a vinda da VIB ao colégio Oscar Carneiro. Daivison enfatizou que os alunos estavam comentando bastante sobre a mostra tanto em sala de aula quanto nos corredores.
- O penúltimo dia se encerrou com as colocações de Sérgio Kiriri, do Povo Kiriri da Bahia e Fábio Menezes, do Vídeo nas Aldeias. Sérgio fez uma breve, mas bela fala, a partir do vídeo A gente luta, mas come fruta: “assim como o curumim do filme, devemos aprender a cultivar: sementes, idéias e sonhos”. Fábio Menezes explicou como surgiu o trabalho da ONG Vídeo nas Aldeias e parabenizou o intercâmbio da Vídeo Índio Brasil de Camaragibe com a escola Oscar Carneiro. Fábio trouxe quatro cadernos do Vídeo nas Aldeias que reúnem texts sobre o fazer audiovisual dos indígenas. Um foi para a biblioteca da escola, outro para o Ponto de Cultura Tecer/Laboratório de Intervenção Artística e os outros dois foram sorteados entre os alunos. Apesar de ter terminado mais de 21h (quase quatro horas após o início), muitos alunos não arredaram o pé. Esse foi o dia de maior público contabilizado na mostra: cerca de 60 pessoas.
- Sábado, 07/08, último dia da VIB. E também Dia da Solidariedade ao Povo Xukuru. Sensível à causa, a VIB Camaragibe integrou parte das atividades do Dia da Solidariedade. promovido pela Rede de Apoio ao Povo Xukuru. As atividades começaram às 15h, com intervenção do grafiteiro Nino, do Coletivo Mangue Crew, no Espaço da Gruta. A projeção do último filme da mostra, o longa de ficção Terra Vermelha, teve início às 17h30. Poucos minutos depois, chegaram ao local oito representantes do Povo Xukuru, uma representante do Conselho Indígena Missionário (Cimi) e outra do Centro de Cultura Luiz Freire. Após a exibição, Manuela Schillaci, do Cimi, pontuou a semelhança da situação do povo que aparece no filme, os Guarani-Kaiowá com os Xukuru, pois ambos sofrem com a invasão e especulação de suas terras por fazendeiros.
- Ednaldo, representante Xukuru, afirmou que “tentaram o cortar o mal pela raiz” dos Xukuru, ou seja, desarticular o povo através do assassinato de sua liderança mais importante, o Cacique Chicão, da mesma maneira como aconteceu com os Guarani-Kaiowá. Ednaldo ressaltou que tal ato não conseguiu desarticular os Xukurus, pois esse povo continua lutando firmemente pelos seus direitos. Lara Erendira, do Centro de Cultura Luiz Freire, ressaltou que o Povo Xukuru está com mais de 90% de seu território assegurado pela legislação.
- Para fechar com chave de ouro a programação do última dia da VIB Camaragibe, os indígenas do Povo Xukuru fizeram todas as 25 pessoas presentes dançarem ao som de seu contagiante samba de coco, comandado pelo Mestre Pirrila.
Considerações finais:
Agradecimentos: a todos e todas que contribuíram com a realização da VIB Camaragibe: Marcone Alves (carregador oficial do som e nosso eterno mestre de cerimônia), Patrícia Araújo (fez de tudo: montou equipamento, apresentou a mostra, puxou debate), Natália Lopes (grande articuladora, entrou em contato com o Cimi e teve a grande sacada da apresentação musical com didjeridu), Ludimilla Carvalho (assessora de imprensa, imprimiu os certificados dos convidados, além de ser a redatora oficial do nosso blog) Isabella França (distribuiu cartazes, montou equipamento e fez a providencial calabresa) Aline Silva (fotógrafa oficial), Márcio (sua receptividade, sua Gruta e sua macaxeira com carne de sol e queijo coalho são tudo o que há), Negão (montador de equipamento e de longe o mais instigado da equipe), Daivison Bandeira (mentor da brilhante idéia da ida da VIB à escola Oscar Carneiro), Camila Santana (motorista), Manuela (pelo seu empenho em articular a VIB Camaragibe ao Dia da Solidariedade Xukuru e seu esforço em trazer Cláudia Truká).
Muitas satisfações,
Raquel Santana.
Minha grande amiga e irmã Raquel Santana. Grande articuladora, redatora, fotógrafa, musicista, cantora e tantos outros adjetivos.
ResponderExcluirVocê mais ainda está de parabéns por essa mostra tão importante para nós e para o público. E esse relatório? Emocionante. Não tenho mais palavras. Continue ensinando Raquel. Estamos aprendendo.
Grande abraço a toda nossa equipe. Vocês são muito fofos!